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  Não consigo me lembrar, exatamente, como e quando conheci Carmen. (s/ título)
Ary Barroso - 0000-00-00

Não consigo me lembrar, exatamente, como e quando conheci Carmen. A música mais antiga que ela gravou de minha autoria é de 1932: "Isto é Xodó". Mas, desde que a vi, passei a considerá-la como uma estrela de grande futuro. E seria porque sempre a achei uma grande cantora? Não, ela não tinha mesmo nenhuma voz extraordinária. Seria acaso bonita? Penso que não. Seu corpo também não era de chamar a atenção. Carmen era o todo. Era o conjunto que fazia dela a maior coisa do mundo latino em matéria de cantora popular. Era uma reprodução, no mundo artístico, do fenômeno Domingos da Guia, que não tinha nenhuma qualidade de grande jogador, não sabia chutar, cabeceava mal, era até meio corcunda e foi o maior zagueiro do Brasil em todos os tempos.

Quando estive nos Estados Unidos, Carmen me deu uma pulseira com a dedicatória "Thanks for everything". A última vez que estive com Carmen, no Vogue, perdi essa pulseira. Engraçado, não é? Foi como se a tivesse devolvido. E nunca supus que sofresse tanto vendo Carmen morta, maquiada, só faltando falar. Fiquei surdo, mudo, cego, paralítico de emoção. Custamos tanto a fazer bons amigos, leais e legítimos amigos, que, quando nós os perdemos, é como se morressemos também.