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Falta de respeito Mister Eco - 1961-11-09 - Diário Carioca - Madrugada
A campanha que se vem arrastando há cerca de dez anos, sem qualquer resultado prático, contra o monopólio mercenário da divulgação da música popular brasileira, teve, tem e terá sempre, como exemplo tÃpico do boicote, a obra de Ary Barroso.
Nosso maior compositor e o único cujo nome é conhecido, através de sua música, nos mais longinquos recantos do mundo, de há muito não tem Ary Barroso como estabelecer contato com o seu público. Sonegado como se encontra, e ao que tudo faz crer por motivos inconfessáveis, no rádio principalmente onde pululam os fabricantes de falsos valores com a conivência, pela omissão de diretores de estações, o grande Ary, quando mais não fosse, deveria merecer o respeito dessa curriola.
Quando a querela volta à baila, entretanto, e sempre citando-se o nome de Ary Barroso, porque o maior, como uma das principais vÃtimas da quadrilha, não faltam os advogados de meia tigela em defesa do lado podre da questão. O que se vai ler a seguir é sintomático e vale a transcrição para os que conhecem - apenas dois exemplos recentes o caso de "A Canção em Tom Maior", primeiro lugar do Festival do Rio entre dezenas de belÃssimas canções e todo o excelente escore musical do show "Ary Barroso-1960", com palavras de Mario Meira Guimarães e gravado por Carminha Mascarenhas, gravações que ficaram sepultadas para o grande público, dir-se-ia no seu próprio nascedouro.
Eis a lamentável defesa de uma causa ingrata, publicada num semanário: "Ary Barroso se queixa de que não tocam suas músicas. Mas os programadores dizem que Ary está descansando sobre glórias. E que se tocam muito Adelino Moreira é porque este faz músicas a toda hora e as grava. E grava bem. As músicas do Adelino saem sempre em boas gravações. E ele as faz mesmo, verdade se diga São pueris? São simples? Mas é nessa singeleza que está a dificuidade de fazer sucesso. E esse compositor consegue isso. Podem chamá-lo de excessivamente "comercial", fazendo letras de concessão. Mas não erra. Seus versos são certos".
A comparação, por si só, é desaforada e atrevida. Os conceitos emitidos sem consistência e, nas entrelinhas, até injuriosos. Além de tudo, burra e, em certos pontos, inverÃdica. O mÃnimo que se pode exigir e que se há de exigir sempre que se falar de Ary Barroso como compositor, é o respeito que lhe deve toda uma geração vivida com as suas canções impregnadas de eternidade.
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