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Disque "j" para lucrar - 1961-11-17 - Última Hora
No mercado fonográfico brasileiro não é difÃcil perceber que mais vale ser disc-jockey do que ser compositor. O disc-jockey recebe de vários compositores enquanto o compositor, quando recebe, só recebe pelas suas composições. Não quero acusar ninguém nem tampouco impor lucros aos compositores de valor, mas o bom senso aponta claramente que não é possÃvel entre dez paradas de sucessos, fabricadas da maneira mais conveniente para o "disc-jockey", que gravações diferentes ocupem os primeiros lugares nas listas dos "mais vendidos". Qual o critério dessa "pesquisa" tão disparatada e de resultados tão desastrosos? Não posso conceber, por exemplo, que um Ary Barroso e um Dorival Caymmi entrem pelos corredores das rádios, com discos debaixo do braço, para implorar pros discotecários que programem seus lançamentos. Existe uma coisa que se chama dignidade artÃstica e, infelizmente, esta fica em casa, sera lucros extraordinários. A partir de hoje, esta coluna está aberta para qualquer músico, compositor ou diretor de entidade musical para que exponham suas idéias e desabafem. E uma maneira de divulgar a boa música, os bons nomes e os verdadeiros valores. E preciso, de uma vez por todas, acabar com os cornerciantes que confundem notas musicais com notas propriamente ditas - umas e outras cada vez mais difÃceis nos dias de hoje.
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