Capa  
Vida
Fotos  
Desenhos  
Coisas de Ary  
Novidades  
Textos  
Livros  
Música  
   
Busca
 
 
 
   
  De Ary | Sobre Ary

Sábado
Ary Barroso

Deu-se a melodia
Ary Barroso

Mau costume
Ary Barroso

Artigo para sua coluna no jornal
Ary Barroso

Bilhete ao meu filho
Ary Barroso

 
 
anteriores início início
  O homem-cão
Ary Barroso - 0000-00-00

Existe, sim senhores. O rio está cheio deles. "Homem-cão": homem que morde. Não figura em nenhuma escala antropológica e, até hoje, pois, escapou à argúcia dos nossos mais acreditados zoologistas. É uma variante do terrível "homo hominis lúpus". Não tem pelos grossos, mas, cabelos normais e a boca é comum, com dentes de tamanho natural. Freqüentam, em geral, escritórios comerciais, consultórios médicos, a Galeria Cruzeiro, boates, bares e, às vezes, as próprias residências da vítima. Outro dia, estava com um grupo de amigos, numa confeitaria, quando me disseram: "Lá vem o T. Vem morder na certa!". Esperei que o "animal" se aproximasse. Não fazia nenhum gesto especial. Tinha a boca cerrada, e não armava nenhum bote. Aproximou-se. Falou ou grunhiu? Falou. Falou com um companheiro. Este, meteu a mão no bolso. Julguei que fosse arrancar o revolver. Não! Tirou uma notinha de vinte e "sacrificou-a". O "homem-cão" esboçou um sorriso humano. Meu companheiro tinha sido mordido todo. Em geral, esse bicho morde e cai fora. Há espécimes que permanecem. São os piores. Cada um tem sua técnica especial. Quando querem morder, uns ficam mentirosos; outros humildes e lacrimejantes; outros, megalômanos (citam quantias imensas a receber dentro de dias), e assim por diante. De minha parte, considero-os empolgantes e lamento não poder fazer sobre eles um estudo mais detalhado.
- "Por que?" - perguntou-me um amigo.
- "Os que tentei estudar, me levaram alto!"

Dedicada ao diretor do Fluminense com quem se aborreceu em 1929