| |
|
|
Ary Barroso - ordem para não ser executado
- 1963-02-02 - Revista Manchete - nº 563
- Ary Barroso recebeu do Govemo brasileiro a Ordem do Mérito, por serviços prestados à nossa propaganda no exterior.
Por que meio? Por sua música popular e incomparável, a começar pela famosa "Aquarela do Brasil". Mas outra Ordem - a dos músicos quer sepultar essa mesma música sob um muro de silencio.
- O caso resultou de uma incompreensão lastimável e de uma obstinaçao absurda da Ordem dos Músicos, cuja lei representa um estatuto draconiano. A OM, que arrecada mais de 200 milhões de cruzeiros por ano de taxas de inscrição, deprecia os compositores populares, querendo, inclusive, submetê-los a exames ou provas públicas. E quer reger, a seu talante, os interesses patrimoniais dos mesmos compositores, congregados em suas próprias sociedades, avessos a uma tutela que não pediram.
Alegando que Ary Barroso se atrasara no pagamento de uma taxa compulsória de 1.200 cruzeiros, a OM determinou a proibição da execução de quaisquer músicas do autor de "Na Baixa do Sapateiro". Há longe, tempo doente, foi atingido pela violenta medida ainda no perÃodo da convalescença. Mas recebeu, de numerosas entidades, a começar pelo Sindicato dos músicos, as maiores manifestações de solidariedade. Tal medida tem sida interpretada como uma represália da Ordem dos Músicos ao trabalho desenvolvido junto ao Congresso Nacional pela grande maioria dos compositores populares, no sentido de serem dela excluÃdos como contribuintes compulsórios. Nesse sentido, já foi aprovada, no Senado, a Emenda Saulo Ramos, que toma a inscrição, em vez de obrigatória, facultativa. Alegam os compositores populares, com justa razão, que não são músicos profissionais, como os executantes, mas criadores de música, atividade livre, assim garantida pela Constituição.
A antipática medida do presidente da Ordem dos Músicos uniu ainda mais os compositores populares em sua luta para serem excluÃdos daquele órgão.
|
|
