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Ary Barroso: A Ordem dos Músicos faz subversão - 1963-00-00 - O Globo
Dizendo que ainda não pagou a anuidade da Ordem dos Músicos porque não o procuraram para cobrá-la, o compositor Ary Barroso declarou que considera a notÃcia sobre sua suspensão e proibição de suas músicas como parte de uma ação subversiva dos dirigentes daquela entidade, de conhecida vocação comunista. Ary Barroso rebateu a afirmação, do Maestro José Siqueira, presidente do Conselho Federal da OM, de que teria dito não pertencer à Ordem, esclarecendo que a ela está filiado como diretor de orquestra e não como compositor, porque nesta qualidade pertence ao órgão especÃfico, a SBACEM.
- Não entendo - disse - como poderão impedir que minhas músicas sejam interpretadas.
Não foi avisado
- Em verdade, prosseguiu o compositor, ainda não paguei a minha anuidade, porque não me procuraram para cobrá-la. Nem me alertaram sobre a suspensão, a não ser por notÃcia divulgada pela imprensa, de que eu estaria em débito. Nenhuma comunicação oficial me foi dirigida nesse sentido. Também é de se estranhar que dois ou três dias depois da publicação daquela nota, eu tenha sido procurado pelo Sr. Guedes, do Conselho Regional da Ordem na Guanabara, que me ofereceu a quitação da minha carteira social sem que eu precisasse fazer o pagamento.
Métodos
- A Ordem, disse Ary Barroso, quer proteger-nos à força. Aliás os seus métodos são um tanto inusitados, haja vista a escolha da Srª Vitor Nunes Leal para representá-la em BrasÃlia. Apesar dos méritos e virtudes daquela senhora, não vejo como poderia ela servir aos interesses dos músicos.
- Quanto à obrigatoriedade da filiação de todos os músicos à Ordem, defendida pelo Sr. José Siqueira, já não entendo como deverei proceder. Nenhum músico pode trabalhar no Brasil sem que se registre no departamento competente do Ministério do Trabalho. Ao que me parece, esta é a única exigência legal existente. A não ser que a Ordem, que é uma entidade privada, esteja mais forte que o próprio Ministério. Este ponto deve ser esclarecido pela decisão da Câmara dos Deputados, onde já está a Emenda do Senador Saulo Ramos à lei que trata do assunto.
Ary Barroso acrescentou, finalmente, que seu registro como compositor deve ser feito na censura apenas para efeito de distribuição dos direitos autorais, que só podem ser pagos pela sociedades a que estiver filiado o músico e que no seu caso, é a SBACEM.
- Quanto à Ordem dos Músicos, pagarei a anuidade mas providenciarei o esclarecimento definitivo desta questão da proibições de minhas músicas. Isto é subversão, principalmente quando se ataca um homem que tem um patrimônio artÃstico como o meu. - concluiu.
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