Capa  
Vida
Fotos  
Desenhos  
Coisas de Ary  
Novidades  
Textos  
Livros  
Música  
   
Busca
 
 
 
   
  De Ary | Sobre Ary

Ary Barroso: A Ordem dos Músicos faz subversão



Mário Morais

Ary e a O.M.B.
Hynenny S. F.

Por exemplo
César de Alencar

A injustiça
Jacinto de Thormes

Eles e eu
Antônio Maria

Ary Barroso - ordem para não ser executado


O Jango do samba
David Nasser

 
 
anteriores início próximos
 
Mário Morais - 1963-00-00 - O Cruzeiro

- "Eis uma relação feita a toque de caixa, aqueles a quem chamo, com toda ternura, "meus amigos". Os outros são participantes da arquibancada na comédia da minha vida. Companheiros de bar, companheiros de parceria, que o tempo apaga, continuando eles do lado de lá e eu do lado de cá.
No meio, essa palavra imensa que é AMIGO

- É uma mágoa que as novas gerações têm de mim, absolutamente injustificável. Porque fazendo ou não fazendo samba para a minha terra, ninguém conseguirá fazer-me querer mal a Ubá. Agora, na renovação da Câmara de Deputados, eu dei, possivelmente, a última demonstraçâo de afeto a minha cidade e ao meu povo. Convidado que fui pelo Governador do Estado a figurar como candidato na chapa da UDN, desisti da minha candidatura, porque vi que seria derrotado em Ubá. E eu prefiro o recolhimento dos meus 60 anos, a uma vitória política sem a alegria e apoio da minha terra. Houve o 4o Centenârio de Ubâ e eu lá não pude ir. Tinha obrigaçôes contratuais no Rio de Janeiro, das quais não era possível me livrar. Talvez fôsse o único ubaense vivo que lá não compareceu. Embora contra a minha vontade. Naquela ocasião ía ser inaugurado um monumento em praça pública. Representava uma clave de sol. Parece que transferiram essa inauguraçâo porque, quando lá estive, da última vez, eu inaugurei o monumento, além de uma rua, que recebeu o meu nome. E, como se não bastasse, o Prefeito da cidade deu-me a honra de inaugurar um novo serviço de águas.

- A maior parte dos meus amigos são estranhos ao meio que
eu mourejo. Vamos examiná-los, um por um:

Prof. ALEIXO DE BRITO, verdadeiro sacerdote da ciência. Médico de peregrinas virtudes e de cultura densa. Depois de Deus, foi o Prof. Aleixo de Brito o homem que me salvou. Já não me trata mais como cliente, mas como amigo;
DARCY MONTEIRO, cirurgião dos mais capazes, que tem sempre uma piada engatilhada. Quem o conhece sabe perfeitamente que éle costuma afastar-se das pessoas que considera "chatas";
LUIZ ARANHA, na convalescença da operação que sofri, o carinho, o desvêlo, o estímulo, que recebi de "Lulu", somente poderão ser encontrados entre irmãos. Seu maior prazer é constatar que seus amigos vivem vida tranquila e honesta;
CLOVIS PRATES PAULINO, da alta administração do Banco Mineiro da Produção, em Belo Horizonte. Somos compadres, já que me deu uma filha, das 16 que possui, para batizar;
PEDRO BLOCH, o homem criança eterna. O homem sem inveja. O homem sem recalques. Preocupa-se seriamente com minha moléstia e não só pelo telefone, como pessoalmente, tem sempre uma palavra de confôrto para quem sofre;
LUIZ JATOBA, companheiro desde Nova Iorque, acompanhou, com particular interesse, a minha doença, trazendo-me a alegria da sua presença e o seu bate-papo formidável;
ERNNI FILHO, filho exemplar. Artista sério. Que me presta a homenagem da sua obediência, em tudo que se refira à minha música, que êle interpreta;
ISAAC ZIJKEMAN, menina dócil. Aparece em minha casa como filho ou irmão e faz de nossa amizade um troféu que guarda com ansiosidade e avareza;
JOSE MARIA SCASSA, trabalha comigo há 30 anos, Fomos os fundadores da página esportiva de "O Jornal" e deu transmissões externas da Rádio Tupi. Nunca tivernos a menor rusga. E eu o considero urn bom amigo;
LUIS PEIXOTO, meu velho parceiro de tantos sucessos e meu introdutor no Teatro;
ARTUR MORAlS, alto funcionário do Banco do Brasil, hoje aposentado, e meu amigo há 20 anos.

Quanto aos parentes, obviamente, estão fora dessa classificação. Eis numa relação, feita a toque de caixa, aquêles a quem chamo, com tôda a ternura, "meus amigos". Os outros são participantes de arquibancada, na comédia de minha vida. Companheiros de bar, companheiros de noitadas, companheiros de parceria, que o tempo apaga, continuando éles do lado de lá, e eu do lado de Cá: No meio, essa palavra imensa que é AMIGO".

E aqui termina essa rápida biografia de Ary Barroso. Rápida apesar de ocupar 11 reportagens da Revista. Porque muita coisa ainda poderia ser dita sôbre êsse sujeito fabuloso que é o compositor Ary Barroso. Como informar, por exemplo, que êle foi o primeiro presidente da União Brasileira dos Compositores (UBC) e que, mais tarde, ingressou no quadro social da SBACEM, da qual também foi presidente. Atualmente é conselheiro vitalício dessas duas entidades. Possui, entre outros títulos honoríficos, o de Presidente de Honra da SBACEM; Oficial da Ordem Nacional do Mérito; Cavalheiro da Ordem da Figa (condecoração que recebeu do prefeito de Salvador) e Comendador da Ordem dos Inconfidentes (recebida, recentemente, das mãos do Gov. Magalhaes Pinto).
Tem um "hobby": colecionar isqueiros, possuindo cêrca de 275. Très ruas e uma ladeira levam o seu nome: uma em Salvador, uma em Ubá e uma em Teresópolis. A ladeira é onde mora. No momento aguarda a volta do autor do "script" da nova versão de "O Trono do Amazonas", peça que sera levada à cena em Nova Iorque. Este deverá trazer-ihe o "script" traduzido para o espanhol ou portugues, bem como as bases do contrato. Só então Ary Barroso começará a musicar a peça. Além disso, está musicando "D. Xepa", peça de Pedro Bloch, que será transformada numa comédia musical.

E Ary nada mais disse, nem lhe foi perguntado."