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Coisas lindas se passavam antigamente nas 'Festas'. 24 de dezembro era assim uma espécie de oportunidade que Deus nos dava para um encontro com o Bem. As casas se iluminavam. As famílias se reuniam à mesa das ceias suculentas, regadas a bom vinho e cantava-se canções suaves até que o carrilhão batesse meia-noite, quando se sucediam abraços, beijos, às vézes lágrimas de saudade de alguém que estava ausente ou lágrimas de alegria pela felicidade completa. Quem tivesse o costume de ir à "missa do galo" ía, mas voltava correndo pra casa, porque era dentro de casa que o Natal acontecia.

Hoje, no Natal, faz-se carnaval. O Menino Jesus nasce ao som de tambores, culcas, tamborins e sambas mais ou menos eréticos, tirando do seu nascimento tôda aquela ternura, tôda aquela beleza, todo aquéle halo de respeito e poesia que nossos avôs faziam questâo de cultuar. Papal Noel desce de avião muitos dias antes da "noite de lui".

E Ano Bom? Nem existe mais. Aquêles "réveillons" elegantíssimos, puxados a "smoking" ou casaca, nos quais estourávamos a "champagne" da alegria e do afeto, deram lugar a uma antecipação violenta da térça-feira gorda. Hoje, num baile, raro é o que "vê" o ano nôvo chegar. E não vê porque à meia-noite as "águas rolaram", as "preses" se sucederam e o que a turma quer - é sassaricar. As duas festas mais emocionantes desta vida perderam, no Rio de Janeiro, a própria fisionomia. Viraram "festins pagãos". Por essas e outras é que nossa terra, contaminada de tanto materialismo, vai cada vez mais perdendo seu caráter tradicional de país da poesia, da música e do amor, para se chafurdar na bagunça rasgada. Ai, meu Brasil brasileiro!...