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  Decadência do carnaval
Ary Barroso - 0000-00-00

Cada vez mais se constata o desprezo da maioria do povo àquela que foi sua "festa máxima". Por medo e por falta de dinheiro. As famílias que se prezam têm medo de soltar suas filhas nesses bailes onde vale tudo, desde o gesto imoral e grosseiro até às alucinações provocadas pelas "prises" de lança-perfume. Nos bailes atuais ninguém dança: todos se apertam. Os pileques são violentos e deles resultam conflitos nos quais os célebres "tarzans" mostram suas virtudes musculares nas caras alheias. A "mistura" é desanimadora. Passa-se a mão na cintura de uma senhora ou senhorita e tome saltos e requebros, berros e guinchos, perdendo, por isso mesmo, um baile de carnaval todo aquele encanto antigo para se transforrnar em criminosa feira de recalques e de vocações amorais. Num canto, as fotografias mostram um rapaz que está sentado no colo de uma dama, aos beijos escandalosos. Num degrau de escada um "Pierrot" sabidíssimo castiga as curvas de uma "Tirolesa" inconsciente. Naquela mesa, um "Marinheiro" ensopa o lenço com éter, aspira forte e depois sai, aos gritos e aos pulos, a fazer misérias. O amor se revela, abertarnente, em todas as suas gradações, num baile de carnaval onde a orquestra não precisa tocar, bastando que faça bastante barulho. Nas ruas o pandemônio atinge ao máximo. Quando um bloco passa, deixa no rastro, sempre, algo de desagradável. No ano passado, um amigo foi envolvido por um imenso bloco e quando a gritaria passou ele estava com um talho de navalha no rosto! Não há mais "fantasias". O que se vê é homem vestido de mulher e mulher vestida de homem. No mais, urn calção de banho, uns riscos vermelhos na peitarra e vamos para a farra! Há lugares onde ainda se nota alguma coisa parecida com "espírito carnavalesco" que nãe se pode confundir com "bagunça". Na maioria absoluta porém o tríduo de Momo virou mercado de vícios, brutalidade e crimes. Eis porque aumenta, de ano para ano, o número dos que fogem do Rio durante o carnaval, procurando o refugio das montanhas, a placidez dos lagos, o frescor das matas. O "corso" acabou. As "batalhas de flôres" cairam de moda. Os "trotes" foram proibidos. Nem máscaras se podem usar. Tudo hoje em dia se resume em andar pra lá e pra cá na Avenida enquanto os milhares de pequenos "blocos de sujos" - fantasia quase oficial - passam aos pulos, como se todos fossem tomados de repentina alucinação. Não, meus senhores, o Carnaval no bom sentido, morreu. O que existe hoje deve merecer outro nome. Orgias de Momo - tá?