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Ary Barroso - 0000-00-00

Já estou cansado de explicar os motivos pelos quais me retirei do chamado "páreo carnavalesco". Como, nesta época exatamente, de todos os lados, surge a mesma pergunta: - "por que você não escreve mais para o Carnaval?" tentarei expor meu ponto de vista sobre a matéria:

1) Carnaval é festa de cores, de risos, de cantoria, de ritmo, de loucuras perdoáveis ou imperdoáveis, às vezes, mas é também assim uma válvula de escape do lirismo tropical. A música para essa festa tem de reproduzir forçosamente todo esse quadro emocional.

2) O radio é um poderoso veículo de divulgação e não deve se transformar, por processos escusos ou fraudulentos, em monopólio de "grupos" para, à custa do martírio da repetição, impingir drogas ao público.

2) As orquestras que animam os bailes dos clubes de toda ordem deveriam escolher livremente seu repertório, desprezando injunções de "caitetus" ou evitando entrar na "curriola" dos "açambarcadores" de êxitos (?).

4) O juiz único, definitivo, para a consagração das melodias carnavalescas, deveria ser o povo, através de uma seleção espontânea e sincera.

5) As fábricas gravadoras de discos, em defesa mesmo da sua própria economia e dos ouvidos alheios, deveriam gravar menos e melhor, mantendo um departamento especializado de "censura prévia", jogando fora plágios, roubos, porcarias e gravando aquilo que realmente fôsse bonito, carnavalesco e bem feito.

6) Os editores, idem.

7) Os cantores, idem.

Ora, nada disso ocorre. Ou melhor: o que acontece é exatamente o contrário. Em respeito ao meu patrimonio artístico e aos meus cabelos brancos, recolhi-me e não penso voltar. Salvo se o ambiente sofrer radical filtragem. Coisa em que não acredito. Portanto…