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Muito bem! Deste uma prova de valor,... (s/ tÃtulo)
Ary Barroso - 1926-03-07
Muito bem! Deste uma prova de valor, fizeste-me crer, de uma vez para sempre, que és uma menina inteligente e bondosa. Que linda carta! Tão bem escrita que até os pronomes sairam às mil maravilhas. Dou-te parabéns, e dou-me parabéns por ter uma "noivinha" como tu. Satisfaz-me plenamente a tua resposta: franca, carinhosa, e numa linguagem que nunca à minha frente usaste. Agora acredito que tens vergonha de exprimires o que sentes por mim, ao meu lado. Eis um dos efeitos benéficos da distância.
Boyzinho. Amanhã, ou melhor, quando estiveres lendo esta carta, devo estar a caminho da Fazenda, aonde vou passar uns 20 dias mais ou menos. As estradas devem estar horrÃveis por causa da chuva que não para, mas o automóvel nas minhas mãos faz prodÃgios, e eu penso chegar ao destino sem novidades, de forma que não te deves surpreender com o retardo das minhas cartas. Continuarei a escrever-te e nem posso deixar de o fazer, porque ficar distante de ti é para mim o maior sacrifÃcio de que sou capaz hoje, e ainda sem noticias então…
A vovó ficou muito satisfeita com a tua carta; disse que pareces ser um "anjo de bondade". Eu que o diga. A "minha linda criancinha" confortou-me imenso, dando-me a certeza de que será sempre minha e de que não me manda o coração porque já m'o deu há muito tempo. Estas palavras entraram em minh'alma de forma tal que nem mesmo podes imaginar. Quero-te cada vez mais, Yvonne; vejo que não me iludo quando te consagro a minha vida,o meu futuro, todo o meu coração. És digna de tudo isto e mais te daria, se mais pudesse dar-te.
Nunca se perde por ser leal, franco e carinhoso. Se o amor é uma virtude, nunca deve conduzir à hipocrisia ou ao arrependimento; pelo contrário: quem ama deve se orgulhar da sua afeição, desde que ela fite o bem, a felicidade e a paz espiritual.
Um conselho eu te dou: nunca te enganes a ti mesma, segue os ditames de tua consciência, que, tenho certeza, ela só poderá levar-te à prática de boas açôes.
Chegarei aà no dia... "2 de maio"! Renovo as minhas lembranças com exceção do "tapinha" à Misthinguetti, porque ela foi muito sem educaçâo por ferir-te as lindas mãozinhas. Do teu
RIRY - Ubá, 7-3-1926
(Carta a noiva Yvonne)
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