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Meu benzinho... (s/ tÃtulo)
Ary Barroso - 1926-12-22
Meu benzinho. Demorei a te responder, porque queria mandar o presente de Natal que me pediste: o recibo do piano. Tenho trabalhado muito; estou tão cansado… […]
[…] Nunca pensei que tua ausência ser-me-ia assim tão pesada. Tão poucos dias e já me parece um século. Ah! Meu benzinho, tu me fazes uma falta enorme! Sinto-me agora tão sozinho, tão solitário, tão amolado… Sem dúvida que representapara mim muito mais que uma noiva: és a companheira solÃcita e tão dedicada; sabes com tanta paciência me suportar que, positivamente, eu naufragaria na vida - nesta luta enorme que venho sustentando - se não me tivesse a inspirar a tua bondade, o teu sorriso de anjo, a tua carinhosa e afetiva palavra.
Há quem me ache completamente transfomado, triste, preocupado, pudera! Que mais nesta vida me fará alegre e prazenteiro senão tu, queridinha, senão a minha meiga Yvonne?[…]
[…] Como é bom ser-se noivo! Ainda mais de uma menina como tu! Parece que a vida é mais suave, mais bela... […]
[…] Previna ao Major de que aguarde aviso de meia dúzia de garrafas do vinho de Caldas, que irei enviar para êle nestes quatro ou cinco dias. Estimo que êle já se tenha restabelecido de todo.
Conforme prometi, a 5 de janeiro próximo espero poder enviarte a quantia combinada, a qual deve ser empregada em cousas úteis, não te esquecendo nunca de auxiliar a nossa boa mãezinha com uns 50$, sim? Yvonne, toma cuidado com gelados; não quero que sofras o menor desequilÃbrio na tua saúde, que para mim representa ouro e vida. Bom. Até quando Deus quiser. Abraça-te o teu noivinho.
Ary - Poços de Caldas, 22-12-1926
(Carta a noiva Yvonne) |
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