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  Adeus, Gilberto!
Ary Barroso - 1955-00-00

Recebi a notícia fatal e, de pronto, não soube o que fazer. Fiquei meio abobalhado. Dentro de segundos, porém, compreendi toda a extensão da tragédia. E dei largas à minha dor. Chorando eu me perguntava como seria possível aquilo, que seria do Flamengo, que seria de nós. Fui imediatamente à sede nova. Já lá estava o corpo inanimado e frio do querido Gilberto Cardoso. Pela primeira vez, desde que o conheci, vi o Gilberto parado. Lá estavam, sofrendo também, o Dario, Dom Maria, Antenor Coelho, "Cabeça", o Fadel, o Bastos, o Scassa, o José Alves de Morais, o Barcellos, o Lôbo, o Kanela. Estes, os que pude anotar. Todos estavam apalermados. Depois de uma vitória dramática contra o Sírio, o Flamengo perde seu grande presidente. Vitória de preço excessivo. Custou uma vida preciosa ao clube. E agora? pergunto eu às fôrças poilticas rubro-negras. E agora? E o tricampeonato? Creio que sobre as cinzas de Gilberto o Flamengo terá de se unir. Como um bloco de aço. Terá de fazer do cadáver de Gilberto a chave da vitória final. Porque Gilberto abandonou tudo pelo seu clube: clínica, família, negócios, problemas. O Flamengo era o seu segundo lar. Ele é quem dizia. Nunca vi presidente assim. Onde estivessem as côres rubro-negras, lá estava o Gilberto. De manhã, de dia, de noite. Ele era a própria materialização da inquieta e indomável fibra flamenga. E agora, Gilberto, que será do seu clube? Não só do seu clube. Do esporte carioca. Do esporte brasileiro. O golpe foi rude em excesso. A cesta triunfal de Guguta matou um homem que estava construindo uma era nova na vida do Flamengo. Juro que ainda não me conformei. Não me conformei e não me convenci. Que os homens do Flamengo se inspirem no sacrifício de Gilberto e tratem de continuar a sua obra gigantesca. O Flamengo não pode parar. Mas, não pode parar mesmo! Morto ainda, Gilberto Cardoso será o nosso guia, nosso exemplo, nosso programa, nosso trabalho. Façamos por não perturbar seu sono eterno. Façamos de nossa saudade, de nosso sofrimento, de nossas lágrimas sinceras, alavancas vigorosas. Vamos honrar a memória de Gilberto Cardoso. Vamos levar o Flamengo ao triunfo! Vamos marcar 1955 com o signo do mais doloroso paradoxo: ano da morte do líder inigualável, ano do tricampeonato!

Basta! Não estou em condições de escrever mais nada.