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  De Ary | Sobre Ary

E desapareceu no turbilhão da galeria
Carlos Heitor Cony

Guinga sobre Ary Barroso
Guinga

Coqueiro que dá coco. Um compositor genial que não acreditava nisso.
Pedro Bloch

Ary Barroso – Aquarela de um artista
Mauricio Macline

A. B.
Álvaro Armando

Roteiro de Ary
Fernando Lobo

Ary Barroso com os trabalhistas? - O popular locutor está entre a U.D.N. e o P.T.B.
Caspary

Rádio
Rachel de Queiroz

 
 
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  Roteiro de Ary
Fernando Lobo - 1949-04-00 - A Radio - Novidades - Noite Ilustrada - Pág. 19 -

Não há figura mais agitada e mais conhecida nesse mundo brasileiro que esse Ary Barroso, vereador, compositor, poeta, locutor esportivo, pianista, advogado, e, ainda mais, presidente de honra da SBACEM. Ary Barroso nasceu naquela cidade mineira de Ubá, onde tirou os seus preparatónios e de lá saiu a caminho do Rio atrás de uma chapa de advogado. Já todos sabem que isso foi o menos que ele conseguiu, pois, aqui nesta terra grande de oportunidades e prêmios, Ary Barroso ganhou mais que um anel de doutor, ganhou cartaz, coisa com que muita gente sonha e não consegue. No dia em que murmuraram samba nos ouvidos de Tio Sam, o nome de Ary Barroso foi o primeiro mencionado. O homem tem uma flexibilidade de bailarino jovem, e ninguém melhor que ele monta num avião e, em questão de dias, resolve a peça da Broadway sob motivos brasileiros ou o "show" do "night-club" ou do cinema em que participem as cores verde e amarela. Ary convence pela arte que brota de seus dedos, pela palavra fácil e pelo físico esquisito e bem aprumado. A verdade é que se existisse um Any careca, banhudo e desengonçado, já as coisas estavam mal paradas em matéria de representação, já não era "aquilo" a figura admirável para uma conversa sem compromisso ou uma troca de "drinks". O homem é infernal. O rádio está passando velozmente e o homem o acompanha facilmente, sem temer sair do carro-chefe. É um campeão esse Ary, e se nós fossemos como os amenicanos, que dão premios por tudo, ele já estava com o peito cheio de medalhas, com a casa cheia de taças, porque não há mais forte na carreira do que ele, nem mais sorridente na chegada, do que ele.

Any Barroso, quando chegou no Rio, vinha na ânsia de tirar um anel de doutor, enfiá-lo no dedo e voltar correndo para Ubá, a cidade onde sonhava ser advogado, constituir família e discutir política com o dono da farmácia.

ACONTECE PORÉM - que Ary Barroso, agarrado pelos tentáculos da cidade grande, foi-se esquecendo do seu sonho, deixando de ser bacharel e dedicando-se altamente ao piano, que lhe deu os primeiros níqueis a ganhar.

FOI "DÁ NELA" - o seu primeiro sucesso, em todos os sentidos, pois numa época em que os direitos autorais andavam "envolvidos em negro manto de mistério", o nosso Ary ainda conseguiu receber uma bolada que deu para casar.

QUANDO RESOLVEU SER - locutor esportivo, Ary Barroso acabou com o baile da reportagem radiofônica, criando a mais original e mais cômoda das inovaçôes, que foi a gaitinha. Completamente popularizado no Brasil inteiro, certo dia,

UM CERTO CRONISTA - que Ary estava ficando "borocochô" como compositor. Ary Barroso, que já tinha feito tanta gente cantar, tanta coisa boa, ficou mais ou menos queimado e sentou ao piano para depois largar a "Aquarela do Brasil".

EM 1945, a convite da "Republic", foi musicar um filme sobre motivos brasileiros. Ficou meses e meses na California, trabalhando para os norte-americanos.

AGORA O HOMEM - está aí. Outro dia foi de novo à América e ainda há pouco foi eleito presidente de honra da SBACEM. O negócio do direito autoral está tomando rumo e o compositor ganhando direitos. Ary é homem integro que ao lado dos pequenos autores tem lutado.