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Ary Barroso – Aquarela de um artista
Mauricio Macline - 0000-00-00
O colorido variado da vida de emoções de Ary Barroso, um dos maiores artistas brasileiros, está sendo aqui relatada, através das minhas lembranças
e minha da visão como sua filha.
Muito já se escreveu, muito já se falou, inúmeras biografias foram feitas, conceitos foram emitidos, mas nenhum relato será tão completo como este, pois quem se propôs a faze-lo conviveu diariamente com essa criatura tão polêmica, tão forte, tão frágil, tão agressiva, tão doce, tão "mal humorada", tão engraçada, tão cheia de controvérsias que terminou fazendo com que sua vida se tornasse, como ele mesmo afirmou "...um verdadeiro turbilhão".
Todos esses matizes de seu temperamento, estão contidos nas escalas da vida de Ary.
Este turbilhão, fruto de um espírito profundamente inquieto, se fez sentir nas variadas facetas de sua personalidade e que teve como conseqüência os diversos caminhos artísticos que trilhou.
No teatro se tornou maestro, roteirista, compositor, arranjador, diretor entre outras coisas. No rádio, também foi produtor, ator de novelas, apresentador de programas musicais, apresentador dos calouros, e porque não descobridor de talentos radiofônicos? Quantos artistas começaram suas carreiras embasados nos julgamentos sempre rigorosos, honestos e corretos de Ary Barroso ? Inúmeros.
Também era um narrador peculiar de partidas esportivas, principallmente de futebol, sua grande paixão, onde criou uma técnica muito pessoal nascendo então a famosa "gaitinha"do Ary" e denominação de jogadas como "a bicicleta". Foi um dos vereadores responsáveis pela construção do Estádio do "Maracanã" para o Campeonato Mundial de Futebol de 1950. Apaixonado pelo Flamengo fez parte no clube da facção política denominada "Dragão Negro", que enquanto durou comandou os destinos do clube, levando-o a ser o Clube mais querido do Brasil. Chefe do Departamento desportivo tanto da Radio Tupy quanto do "O Jornal" escrevia também sua coluna desportiva.
Desde sua chegada ao Rio, começou a tocar piano em orquestras para se manter, notou, então, a visão deturpada da sociedade em relação ao músico que era perseguido pela polícia por ser considerado malandro. Ai começou sua luta "pela dignidade do artista"e deu continuidade ao trabalho de Chiquinha Gonzaga na luta pelo Direito Autoral.
Mas, a base de tudo isso foi sua esposa Yvonne, mulher extraordinária que estruturou toda sua vida, tanto emocional como financeiramente, ensejando assim o aparecimento pleno do artista.
Homem de uma eterna alegria, uma grande generosidade, de tiradas hilariantes, tinha um grande amor pela família, pelos amigos, pelo trabalho e pela vida. |
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