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Senhor redator de A tabuleta do dia Ary Barroso - 1954-10-13 - Diário da noite
Senhor redator de "A tabuleta do dia". - Nesta.
Acabei de passar os olhos pela sua seção. Você trocou meu nome. Antes, durante, depois das eleições e - quem pode se ufanar disto? - até muito mais longe, meu nome foi, é e será simplesmente Ary Barroso. Só os bispos podem crismar alguém. E não me consta que você tenha mais esta qualidade. A polÃtica proporcionou-me a segunda e última derrota. Pensa que vou deixar crescer as unhas, a barba e os cabelos em sinal de desespero? Pensa que vou tentar o suicÃdio? Pensa que minhas reservas financeiras foram abaladas? Pensa que vou virar cabrito para berrar? Absolutamente. No mesmo dia em que "vi" a derrota, recebi um contrato artÃstico no estrangeiro que poucos colegas - perdoem-me a modéstia! - estão em condições de receber. Por vários motivos. Ganharei com este contrato mais do que qualquer cargo eletivo me poderia proporcionar. Garanto que há muita gente por aà com a cabeça mais inchada e a bolsa mais vazia...
Não é verdade tenha eu ido ao Maracanã para berrar contra minha derrota. Fui ao estádio, como é natural, para acompanhar os primeiros movimentos de apuração. Como a derrota "pintasse" logo no primeiro dia, não voltei mais. Não tinha porque voltar. De forma que a sua "tabuleta" de hoje foi a nota dissonante entre tantas outras notas simpáticas e reconfortantes com que me honraram alguns grandes jornalistas desta cidade. Estava faltando a sua nota para se completar o quadro emocional de minha derrota. Agora, sim. Está completinho: a derrota prapriamente dita, as palavras bonitas dos colegas do "Correio da Manhã", de "O Jomal" e de "O Globo" e... as suas.
Muito obrigado. Mas - repito -, meu nome foi, é e será - Graças a Deus! - Ary Barroso. Tá?… |
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