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Cromo Ary Barroso - 2004-06-29
A noite estava fria. Na calma solitária de uma rua de bairro, o sossego era até sentimental. De repente, de uma esquina, surgem dois vultos de braços, em passadas lentas. Eram dois velhos, desses tipos de velhos que já se vão rareando. Lá vinham os dois: ele, abafado num velho sobretudo; ela, envolvida em uma pele antiga. Era branquinho o cabelo de ambos. Passaram perto de mim. Vinham, talvez, de uma visita Ãntima. A uma filha, talvez. Talvez a um venturoso ninho de netos. Fiquei a observá-los. Caminhavam calados. Era, porém, tão boa e feliz a fisionomia dos dois! Pareciam felizes naquela noite fria. Meu olhar acompanhou-os até que se dissolveram num trecho de sombra mais intenso. Sexagenários. Talvez mais. Vocês já notaram que, em Copacabana, Leblon ou Ipanema, não existem mais desses tipos? |
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