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  Direito autoral também está em cartaz no teatro


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  E ai, Mariúza, escreva para mim quem foi seu pai
Mariúza Barroso - 2004-11-07

Parece fácil mas não é. Meu pai foi uma das figuras mais intrigantes que tive contato. Se analisarmos a trajetória de sua vida, encontraremos vários caminhos por ele trilhado e todos com brilhantismo.

Saiu de Ubá, MG, e veio para o Rio cursar a Faculdade de Direito. Com o dinheiro curto foi ser pianista em orquestras. Compunha suas músicas e Marques Porto e Luiz Peixoto o levaram para o Teatro de Revistas onde se tornou Maestro, Cenógrafo, Orquestrador de músicas, escritor teatral, ensaiador e tudo mais que se precisasse para se colocar uma peça no palco.

Com o aparecimento do Radio, foi ser ator de novelas A Hora do Outro Mundo. Tornou-se apresentador de programas de auditório. Com seu modo peculiar de ser, comandou o Programa de Calouros que se tornou imediatamente um sucesso que o acompanhou durante toda sua vida. Por impedimento do titular se tornou Narrador Esportivo, criando a famosa gaitinha do Ary que tocava com fervor na comemoração de um gol. Criou a figura do repórter de campo e do Comentarista Esportivo. Tornou-se chefe do Departamento Esportivo da Radio Tupi e do O Jornal onde escrevia uma coluna diária sobre as coisas do futebol. Com os seus comentários cáusticos, o C. de R. Vasco da Gama o proibiu de entrar em seu estádio. Ary não conversou, discretamente combinou com o Diretor do Colégio Pio Americano e irradiou o jogo do telhado do mesmo. De outra feita o locutor Oduvaldo Cozzi conseguiu a exclusividade para a transmissão dos jogos Sul-Americanos de futebol que se realizava no Uruguai. Não se conformando com isso, escondido, embarcou para a Buenos Aires e combinou com amigos e no dia do jogo a Tupy estava no ar com o Ary retransmitindo uma narração do locutor argentino. Com estas peripécias o público vibrava e torcia por ele.

Com o advento da Televisão, levou para este veículo toda a experiência adquirida ao longo de uma vida de muita luta e criatividade. Seu programa de maior sucesso se chamava Encontro com Ary, onde contava suas histórias e tocava seu piano. - amigo de todas as horas.

No meio disso tudo havia ainda a parte musical que era sua verdadeira essência. Compunha com uma facilidade espantosa, no meio dos ruídos de uma casa sempre movimentada por telefone, campainhas, latido dos cachorros e os habitantes... E ele lá no piano tranqüilo escrevendo sua música - o ouvido de dentro não tem nada a haver com o ouvido de fora

Desde os anos 30 formava orquestras e ia ao exterior para divulgar a nossa música. Esteve em quase toda a América do Sul, Central e acabou indo para os Estados Unidos para trabalhar com Walt Disney onde musicou vários filmes. Teve ótimas propostas de contrato para permanecer neste país, mas não quis. - ... lá fora não sou o mesmo, preciso desta terra para poder produzir

Lutou bravamente pela dignidade do artista e também pela regulamentação dos Direitos Autorais. Em 1946, foi eleito vereador e conseguiu viabilizar a construção do Estádio do Maracanã.

Adorava viver, homem dos bate-papos, bom marido, pai presente, generoso e muito alegre. Deus me deu o privilégio de ter podido assistir de perto um homem que veio a terra com a missão: de ser GRANDE.