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  A ala Ary-Garrincha
Armando Nogueira - 2003-11-19 - Estadão

Mané Garrincha e Ary Barroso. Muito tenho falado, por esses dias, desses dois mitos da aquarela brasileira: futebol e música. Ary, pelos cem anos e Garrincha, pelos 70, ambos fazendo aniversário de nascimento, justamente, neste mês de novembro.

Os dois são personagens de uma deliciosa história, contada por Paulo Mendes Campos, numa de suas saudosas crônicas.

Antes de mais nada, saibam que Paulinho e Ary Barroso eram amigos e membros do que eles próprios chamavam "o ministério da noite", do qual era titular absoluto outro boêmio insondável: Antônio Maria.

Lembra Paulinho que Ary era um sentimental. Dava estrilos, mas logo depois era amansado pelos afagos da mãe-culpa. Os dois brigavam muito por causa de futebol. Um, Flamengo apoplético, o outro, Botafogo patético.

Ary tinha uma incurável implicância com Garrincha. Não abria o coração, mas Paulinho percebia, nas broncas de Ary, o mesmo ciúme que corroía outros corações rubro-negros, inconformados de ver que Garrincha surgia como terrível ameaça ao ídolo Joel, ponta-direita do Flamengo.

Em pouco tempo, Joel viraria reserva da Garrincha, na seleção.

Jogo do Botafogo, não dava outra: Ary Barroso narrava com notória má vontade: "Garrincha dribla um. Está querendo driblar outro. Solta essa bola, garoto! Driblou. Vai querer driblar mais um. Assim não é possível, Santo Deus! Vai perder essa bola, é claro. Gol de Garrincha...

Paulinho vai em frente, contando que a vitória do Brasil na Copa de 58 transformou em torvelinho o célebre Calypso, que era um dos maiores templos da boêmia carioca. Eis que entra no bar Ary Barroso, a gritar, com voz de peixe escabeche (a imagem é do próprio Ary): - "Paulo Mendes Campos, meu amigo: Vim aqui pra me penitenciar, de joelhos! O Garrincha é o maior jogador de futebol do mundo!" Paulinho relembra: - "E o Ary, que, na puberdade fora um duvidoso goleiro de óculos, me dava abraços de campeão do mundo."