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  Minha vida foi uma luta terrível... (s/ título)
Ary Barroso - 0000-00-00

Minha vida foi uma luta terrível, obstinada e penosa. Minhas armas de defesa foram:

Idealismo, escrúpulo, trabalho, caráter, produção e, acima de tudo, fé, FÉ INQUEBRANTÁVEL!...
Assim consegui superar incompreensões, transpor abismos, galgar alturas, esmagar a maledicência e sair do outro lado com a cabeça erguida, a consciência limpa e as mãos incólumes ao crime.


Tudo o que fui, devo em primeiro lugar à propaganda que de mim fêz a minha música. Em segundo, a minha capacidade de luta e de renúncia; e sobretudo a um pouco de ingenuidade. Uma ingenuidade que pode ser condenável num homem que vive do que produz, mas, uma ingenuidade que trocada em medalhas, em louros, serviu para que eu hoje não tenha nada que dizer do meu passado.

Formei meu caráter e minha sensibilidade ao embate de fatigantes lutas. Jamais tergiversei e nunca me amedrontei. Por isso, pela flama com que combato aquilo que, no esporte, na música e na política, me parece errado, julgam-me um homem do contra. Mas, não. Sou, isto sim, um homem de fibra inamoldável e de temperamento inamolgável. Não participo do que julgo capaz de melindrar a justiça e o direito.

Minha vida sempre foi um mar encapelado. Detesto a superfície parada das lagoas. Se fui vitorioso, foi porque abri minha alma à luta com entusiasmo e esperança.

Foi uma contribuição modesta à música brasileira e esta é uma viagem ao passado, não com o fito de mostrar ruínas históricas, mas para ao longo do caminho, mostrar episódios marcantes da minha vida, numa contribuição para todos que se deixaram encharcar de materialismo e, que dominados pela frivolidade, inspirados no imediatismo, pensam que o mundo é só o dia que passa e que o futuro a "Deus pertence". Fórmula negativa de viver, já que há enorme diferença entre "viver" e "deixar-se viver".

Viver é plantar a semente, cuidar da árvore, colhêr os frutos, matar a fome...
Deixar-se viver é repetir o destino do tronco que a corrente carrega ninguém sabe para onde e para quê, acabando às vêzes engastalhado entre seixos ou largado na planície, apodrecendo a intempérie definitivamente inútil.


Um turbilhão! Eis aí a minha vida...