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  Perfeição u'a mania
Joracy Camargo - 0000-00-00

Conheci Ary, mocinho, e cheio de vida, em 1927, tocando piano na sala-de-espera do antigo Teatro Trianon, durante os intervalos das representações. Ali fiquei muitas vêzes, ouvindo-o improvisar, e também ali ficava o público, deliciado, preso, retardando o reinício dos espetáculos.

Quem conheceu Ary superficialmente, não poderia conhecer sua personalidade, aparentemente revessa. Parecia um homem irritadiço, constantemente zangado, contra tudo e contra todos. Mas era um amigo boníssimo e enternecedor. Beijava, em plena rua, quando os encontrava, os companheiros mais queridos. Um encontro com ele era sempre uma festa. E quando dizia: - "Mas assim não é possível!", isso queria dizer que gostaria que tudo fosse melhor. Tinha a mania da perfeição. Um dia me perguntou qual era minha opinião sobre a morte. E como eu tivesse respondido que morrer é como nascer, isto é, como ninguém sabe que nasceu, também não saberá que está morrendo, ele, como sempre, protestou: - "Mas assim não é possível!", e acrescentou: - Não sei como nasci, mas é justo que saiba que estou morrendo, porque talvez ainda pudesse dar um jeitinho, ou, quem sabe, compor a minha própria marcha fúnebre! E fomos tomar um "whisky". Um? Sei lá...

Joracy Camargo, Presidente da S.B.A.T. "Sociedade Brasileira de Autores Teatrais" e Membro da Academia Brasileira de Letras