| |
|
|
Namoro sobre rodas
Ary Barroso - 2004-06-29
Outro dia viajei de bonde, do Largo do Machado, até ao Leme. No banco, à minha frente, um par de namorados. Como se beijavam! Como se apalpavam! Como se interpenetravam! Quem quiser ver, que veja, quem não quiser que veja também. Era um par magro, mas com força bastante para se unirem com ares de quem só se separariam no fim da linha. Há outros tipos de namorados no bonde. Ela, gorda, imensa, redonda; ele, um lápis. É de gozar-se o esforço que ele faz para abraçá-la toda com seus braços pequeninos. Outras vezes, ele é que é o redondo como português de quitanda. Ela, franzina e tÃmida. Com que estoicismo ela suporta toda a avalanche daquela montanha apaixonada! Há ainda as que levam uma companheira - "boi das piranhas". Pois, o namorado malandro, com a mão esquerda, aperta o braço esquerdo da "pequena" e com o direito disfarçadamente, pelas costas, vai pesquisar a... outra. Não raro encontramos seis, oito, ou dez pares namorando no mesmo bonde. Seria o caso da Ligth inaugurar um novo modelo de "carro especial para o amor". Todo fechado com janelas de cortinas. Motorneiro: Cupido; Condutor: Vênus. Que tal a idéia? |
|
