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Em 1942 eu era um simples torcedor do Flamengo,... (s/ título)
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  Em 1942 eu era um simples torcedor do Flamengo,... (s/ título)
Fadel Fadel - 0000-00-00

Em 1942 eu era um simples torcedor do Flamengo, e vivia uma vida equidistante do Clube da minha paixão, mas que me dava ensejo de acompanhar freneticamente e com entusiasmo as lutas futebolísticas. Ary Barroso, naquela época o maior locutor esportivo e homem que mais se identificava com o Clube das nossas paixões, o Flamengo, tornou-se meu amigo. Assistia e tinha mesmo pelo Ary antes de conhecê-lo pessoalmente uma admiração profunda, porque via nele, não aquele grande desportista, mas sentia em Ary Barroso um ser quase que sobrenatural.

Uma das grandes alegrias da minha vida foi quando procurado por um amigo comum fui levado a Ary Barroso e tive então a ventura de conhecê-lo juntamente com José Maria Scassa, Moreira Bastos, com Basílio, um grande colunista da época, e com José Lins do Rêgo, enfim com um grupo de autênticos flamengos. Homens que tudo faziam para que nosso Clube vivesse àquela época como o clube mais falado do Estado da Guanabara.

Mas a minha alegria ia se multipilcando porque esses amigos (que tinham naquela época influência nas Administrações do Flamengo, lembraram e sentiram que eu poderia ser um daqueles que poderiam compor aquele grupo para que juntos pudessemos lutar pelo Rubro-Negro. Assim me entusiasmaram. Eu era apenas um rapaz cheio de entusiasmo mas sem nenhuma pretensão a ser um dia dirigente do Flamengo. E assim cornecei a frequentar essa roda de amigos onde Ary Barroso sempre pontificava porque era urm homem eclético. Era um homem que conquistava todo mundo. Todos os ambientes a ele se curvavarn porque Ary Barroso era indiscutivelmente um homem que dava a todos aqueles que tinham a ventura de conviver com ele alegrias imorredouras. E foi naturalmente indicado naquela época para um dos cargos do Flamengo.

Fui Diretor de Futebol e, me lembro bem, nós formávamos um grupo compacto. Um grupo que passava uma semarna inteirinha só tratanto de assuntos do Flamengo, criando-se naturalmente dentro desse grupo uma espécie de religião. Todos nós érarnos fanáticos que vinham fortalecendo os campeonatos do Flamengo. Vieram assim - um, dois, três, seguidamente como vieram 42, 43 e 44. Todos nos empolgamos. O Brasil inteiro vibrava e o Flamengo ganhava sempre e os anos iam passando e esse grupo cada vez mais coeso, cada vez mais forte até que um grande cronista da época, Diocesano Ferreira Gomes, trouxe uma fotografia de um Dragão e disse, naturalmente em tom de pilhéria, que ali nós formavamos o grupo dos DRAGÕES NEGROS e esse nome pegou e se perpetuou dentro e fora do Flamengo, porque até hoje a imprensa às vêzes em épocas eleitorais, em épocas em que a política do Flamengo necessita de algo para movimentá-la para fazer vibrar esse Clube, o nome Dragão Negro é lembrado. Sempre unidos, liderados por José Maria Scassa, por Ary Barroso, por José Lins do Rêgo, enfim por todos êsses homens que marcararn e marcam ainda uma época dentro da vida esportiva do Rio de Janeiro, tivemos reuniões sempre constantes e daí fomos cada vez caminhando mais nesse grupo. Sempre aparecia um candidato para um cargo mais elevado no Flamengo e me lembro perfeitamente que numa noite nós elegemos um homem que estava dormindo para presidente do Flarnengo - Coronel Alcino Coriolano, hoje falecido e que era um dos diretores da Cia. Aérea NABE que naturalmente se empolgou e quando às duas horas da madrugada nós fomos ao seu apartamento, batemos na porta, acordamo-lo e dissemos a ele que era o novo Presidente do Flamengo, esse homem se empolgou demais. E dentro desse turbilhão de lembranças rubro-negras, aqui está o meu depoimento rapido apenas para colaborar.

O que sei é que até hoje sinto (e creio que todos também o sentem) uma saudade imensa do amigo, do homem de futebol que ele foi e principalmente do grande compositor brasileiro.

(Fadel Fadel, ex-Presidente do Clube de Regatas do Flamengo)